Tendo como tema o mercado de carbono e contando com a participação como palestrante do gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, o VIII Encontro da Associação Brasileira dos Prestadores de Serviços em Agricultura de Precisão foi promovido nos dias 1 e 2 de fevereiro em Goiânia (GO).
Watanabe foi convidado a se pronunciar sobre o os desafios de acesso ao mercado de carbono em pequenas propriedades. O evento reuniu especialistas de instituições de pesquisa, entidades como a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) e representantes de empresas e cooperativas de várias regiões do país, que apresentaram suas pesquisas e projetos.
De acordo com o executivo da Cocamar, diferente do que acontece com os grandes produtores que, por seu porte, vão conseguir se organizar com mais facilidade para serem remunerados por serviços ambientais, caso do carbono, os pequenos só terão acesso ao benefício se estiverem sob o guarda-chuva de uma cooperativa.
?É preciso garantir transparência aos compradores, mas o desafio é fazer isso a um custo baixo para que compense financeiramente ao produtor?, comenta Watanabe. Ele explica ser indispensável ter escala, uma vez que nas plataformas utilizadas para se fazer a verificação e o reporte do carbono, quanto maior o volume de área, melhor o custo-benefício. Isso tudo sem contar que em relação aos custos fixos para a montagem de um projeto assim, igualmente, quanto maior a área, mais o custo diminui.
O gerente executivo técnico cita que um estudo realizado na Cocamar apontou serem necessários ao menos 50 mil hectares para que os produtores participantes tenham um retorno satisfatório. ?A partir de 20 mil hectares já começa a dar viabilidade, mas o que se pretende é remunerar adequadamente o produtor, ou seja, que 55% a 70% do valor negociado fique com ele e os restantes paguem os custos do projeto?, menciona.
?Eu diria que para sobrar em torno de 70% ao produtor, precisaríamos ter até mais de 50 mil hectares?, diz Watanabe, sem esquecer o fluxo de caixa, porque o investimento se dá por dois ou três anos no projeto e o crédito só é pago após a emissão e a comercialização do crédito.
?O produtor tem que investir e a cooperativa vai cuidar disso para ele, além de toda a organização, com o fornecimento de insumos, assistência técnica e acompanhamento?, acrescentou o gerente executivo.
Ele informa que a Cocamar faz parte do programa Soja Baixo Carbono, que está sendo desenvolvido pela Embrapa, que tem por objetivo certificar a sustentabilidade da produção de soja brasileira, tornando tangíveis aspectos qualitativos e quantitativos do processo de produção do grão.