O que uma mulher jovem, formada em direito, casada e grávida de seis meses, está fazendo na lavoura da família em Pedrinhas Paulista, pequena cidade da região de Assis, no oeste do estado de São Paulo?
?A agricultura é o meu lugar?, afirma Tamara Bragagnolo, 30 anos, certa de que, após conquistar a confiança do pai, o gaúcho Roselé, pretende se inserir cada vez mais na atividade rural.
Natural de Toledo (PR), Tamara é a mais nova de três irmãs. Ela e o marido Leonardo Berardi, o Léo ? com quem se casou há seis anos - cresceram no campo, mas só acabou encontrando seu caminho, conta, em 2017, após concluir a faculdade em Londrina e se mudar para Pedrinhas, onde o pai, depois de ter terras no Paraná e no Paraguai, comprou ali 80 alqueires para plantar soja e milho.
Mesmo assim, não foi fácil. Procurava ajudar nas operações da roça, mas se deparava com a resistência do pai e o preconceito dos que não estavam acostumados a ver uma mulher ? ainda mais tão nova - na agricultura. Até que, um dia, na ausência de um empregado, e sem conseguir dar conta da colheita e do transporte dos grãos ao ponto de entrega, o pai se rendeu e a chamou para dirigir o caminhão. ?Sem muita paciência, ele foi me explicando e esse foi o meu início?, cita.
De lá para cá, tudo mudou na vida de Tamara, que passou também a lidar com as máquinas e a participar das aquisições de insumos. Hoje, a propriedade está sob os cuidados dela e do marido, que assumiu também outros 20 alqueires de sua família. A certeza de que ganhou a confiança do pai está no fato de que ele foi desbravar terras no Maranhão e, mesmo com a fazenda em Pedrinhas na fase de colheita, parece despreocupado, sabendo que a mesma está em boas mãos.
Mesmo assim, a produtora afirma que a agricultura, para ela, não foi uma escolha, pois convivia com incertezas e, antes do aceno do pai, ajudava a mãe Marlei em casa, tendo vivido um período na Itália, entre 2019 e 2020. ?Fui lá que percebi: meu lugar era ao lado da família?.
Desde 2018 as safras dos Bragagnolo são entregues na unidade da Cocamar em Cruzália, cooperativa onde Tamara encontrou todas as condições para se desenvolver como produtora. Ela e o marido são assistidos, tecnicamente, pelo engenheiro agrônomo Jonathas Tales Gomes Ferreira. ?Eles [a Cocamar] incentivam a participação feminina?, diz, lembrando que no ano passado começou a fazer parte do grupo jovem e também do Programa de Certificação de Conselheiros Cooperativos, que já está em seu quinto módulo.
Tamara Passou a fazer viagens para a troca de conhecimentos e até mesmo proferir palestras, visando a motivar outros jovens. E, por sua desenvoltura, foi indicada pela Cocamar como a representante paranaense no Comitê de Jovens da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília.
?Eu acho que o meu diferencial, além da persistência, é o interesse em saber fazer todo o processo produtivo da fazenda, desde a parte operacional com os maquinários, o plantio, a pulverização e a colheita, e também a parte burocrática da administração?, diz. ?Acho importante saber como funciona tudo, para entender a necessidade de cada operação na lavoura, o custo de tudo aquilo e a parte de gestão para não perder na compra e venda o que produzimos no campo?, acrescenta.
?Crescemos muito e estamos realizados?, afirma a produtora, ao lado do marido. E, para que se aprofundem mais na atividade, ambos estão cursando agronomia em Assis.
E é assim, vencendo desafios, se aprimorando e na expectativa da chegada do filho Felippo, que ela se firma cada vez mais como uma referência para os jovens cooperativistas.
Engano, contudo, quem pensa que Tamara pensa em se acomodar. Filha do visionário e inquieto Roselé, ela parece ter herdado a inquietude do pai e não descarta, no futuro, seguir o seu caminho e até abrir a própria fazenda do Maranhão ou outra região do país onde haja oportunidades.
Patrocinam o Rally: Basf, Sicredi Dexis, Nissan Bonsai Motors e Fertilizantes Viridian (principais), Cocamar Máquinas/John Deere, Texaco Lubrificantes, Estratégia Ambiental e Irrigação Cocamar.