Cocamar faz o manejo mecanizado dos sauveiros em reflorestamentos

05/03/2024

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Um dos desafios enfrentados por quem investe em reflorestamento com eucaliptos na região noroeste do Paraná é o ataque da formiga cortadeira da espécie Atta sexdens, conhecida como saúva limão por emitir um aroma natural parecido com o dessa fruta.

O inseto, cuja presença pode ser observada principalmente em pastagens degradadas, é atraído pelo eucalipto – cujas folhas seriam mais propícias à formação de seu alimento, o fungo, no interior dos sauveiros. Se não houver um controle efetivo, o prejuízo é certo.

A Cocamar, que possui atualmente 4,5 mil hectares de áreas de reflorestamento com essa espécie de árvore em diversos municípios num raio de 150 quilômetros de Maringá, adota um manejo mecanizado com a aplicação de iscas granuladas. A prática é considerada eficaz e menos agressiva ao meio ambiente, conforme explica o engenheiro agrônomo Robson Ferreira, gerente técnico de reflorestamento da cooperativa.

“É feito o controle sistemático das formigas durante todo o ano, inclusive nas áreas que vão receber os novos plantios”, cita Ferreira, ao frisar que os ataques começam já nessa fase inicial, se estendem por todo o período de desenvolvimento da árvore e podem chegar mesmo à idade de corte, no sétimo ano em média. Não raro, segundo ele, a desfolha causada pela intensa presença de cortadeiras pode ocasionar a perda de mudas e até de árvores adultas.

O manejo deve ser efetuado sob tempo seco, realizando-se a deposição de uma quantidade de iscas próxima aos carreiros das formigas por máquina acoplada a um trator. Como as iscas são atrativas, os insetos vão transportá-las para os sauveiros, onde, como resultado da fermentação, é exalado um gás que elimina o fungo, seu alimento.

De acordo com o técnico agrícola e florestal Edson Luis Garcia, da Usina de Preservação de Madeira da cooperativa em Presidente Castelo Branco, a 30km de Maringá, a operação mecanizada é feita pelo menos uma vez por ano, padronizando o controle mediante a realização de um planejamento que inclui um reforço nas bordaduras das áreas para evitar que o inseto venha de propriedades vizinhas.

O técnico menciona que a prática mecanizada apresenta uma série de vantagens sobre a manual. Com o trator, por exemplo, é possível cobrir uma área de 8 hectares por dia, trabalho esse que demandaria entre 5 a 6 trabalhadores; por outro lado, a distribuição melhor das iscas pelas áreas reduz o risco de insucesso, lembrando que o mapeamento é feito por GPS. Em ambos os casos, os trabalhadores não estão dispensados do uso de equipamentos de proteção individual (EPI).

O combate ao inseto não é aleatório e está previsto, desde 2015, na Portaria 212 da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), que estabelece medidas para o manejo de formigas cortadeiras no Estado do Paraná e determina a obrigatoriedade da adoção de práticas de controle.

Antônio Aparecido Cunha, supervisor da Usina de Preservação de Madeira, ressalta que o problema exige a especial atenção dos proprietários rurais, examinando mais apuradamente suas áreas, uma vez que o comportamento das formigas cortadeiras parece estar sofrendo alterações. No ano passado, houve duas revoadas para a reprodução e a formação de novos sauveiros, o que é insólito, lembrando que normalmente ocorre uma única revoada no ano, entre os meses de agosto e setembro.