Para fugir do frio, braquiária é semeada ainda com a soja no campo

05/03/2024

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A soja ainda estava no campo na propriedade em São Jerônimo da Serra, um município montanhoso da região metropolitana de Londrina. No dia 28 de fevereiro, quando o Rally Cocamar de Produtividade passou por lá, faltava uns 20 dias para iniciar a colheita, mas o drone já sobrevoava a área para semear a braquiária, forrageira cujas sementes, como é mais comum em lugares mais quentes, seriam lançadas ao solo tão logo a soja estivesse colhida.

Essa forma de iniciar o ciclo da braquiária é uma novidade, as sementes vão caindo do céu sobre a lavoura e começam a germinar na primeira chuva. A antecipação tem uma justificativa: como a região, por sua altitude, normalmente apresenta um clima mais frio no outono, a forrageira não se desenvolveria bem se fosse semeada depois. Quanto mais tarde, maior o risco de insucesso diante da chegada das temperaturas mais amenas ou frias e também da gradativa diminuição do período de incidência solar.

“Dessa forma, a gente consegue ter braquiária mesmo em regiões onde pareceria improvável durante o outono e inverno mais gelados”, comenta o engenheiro agrônomo Osmar Burato, que presta atendimento a produtores da região norte do Paraná por meio do Grupo Mais de consultoria técnica personalizada da Cocamar.

A propriedade, que pertence à advogada e empresária rural Etiane Caldas Gomes Kuster, conta com esse atendimento prestado pela cooperativa desde o ano passado e faz parte de um planejamento para avançar em tecnologias e aprimorar os resultados. A soja é mantida em sistema de integração com a pecuária.

De acordo com Osmar, a função da braquiária é fundamental para a sustentabilidade desse modelo produtivo e para que a fazenda alcance seus objetivos. A forrageira, que vai garantir alimento de qualidade e em volume para o gado no inverno, possui um enraizamento profundo que rompe a compactação, melhora a infiltração de água, cicla nutrientes de camadas inferiores, repõe matéria orgânica e sua espessa palhada vai viabilizar o plantio direto no ciclo seguinte da soja. Sem esquecer que, sob a palha, o solo fica protegido da erosão e das altas temperaturas, além de inibir o aparecimento de ervas de difícil controle.

Com a orientação da consultoria, a propriedade começou a fazer também rotação de culturas para melhorar a qualidade do solo e aumentar o volume de massa verde no inverno, quando parte das áreas recebe trigo e em outras a braquiária é consorciada com aveia, além de aveia preta e um mix de cobertura. E, no verão, 20% das terras são destinadas ao milho.

A semeadura de braquiária com drone é um serviço oferecido pela própria Cocamar, que utiliza para isso, em média, 10 quilos de sementes por hectare. Assim, quando a soja for colhida, a forrageira já estará em pleno desenvolvimento, sem atrapalhar em nada aquela cultura e sem sofrer nenhum dano com a operação.

O uso de drones para semear, mapear áreas e fazer a aplicação de defensivos, é um serviço da coordenadoria de agricultura digital da cooperativa, liderada pelo engenheiro agrônomo Vítor Palaro, que, com o acompanhamento do agrônomo Osmar Burato, vai disponibilizar outros serviços para a propriedade em São Jerônimo da Serra, como a coleta de solo georreferenciado, a distribuição de calcário em taxa variável e o uso de mapa de colheita durante essa etapa.

A expectativa de produtividade de soja neste ano marcado por altas temperaturas é de 53,7 sacas por hectare, um pouco abaixo em relação às 57,8 sacas do ano passado, mas bem acima das 41,3 sacas da média regional.

Na parte da pecuária, conforme explica o gerente geral Claudinei Fernandes, o foco é a produção de novilhos superprecoces, abatidos entre 12 e 18 meses. Para isso, 500 matrizes nelore que recebem IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) de angus e, após desmamados, os bezerros permanecem por três a quatro meses à pasto e por 60 dias em confinamento, período em que apresentam um ganho médio diário de peso de 1,8 quilo, sendo finalizados com 440 quilos em média.

Sobre o Rally – O Rally Cocamar de Produtividade é uma iniciativa da Cocamar que tem por finalidade valorizar as boas práticas agrícolas adotadas pelos produtores cooperados. Patrocinam a realização: Basf, Sicredi Dexis, Fertilizantes Viridian, Nissan Bonsai Motors, Cocamar Máquinas/John Deere, Texaco e Estratégia Ambiental, com o apoio do Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb), Aprosoja/PR e cooperativa de profissionais de agronomia Unicampo.