A rede de supermercados LIDL, uma das maiores da Europa, sediada na Alemanha, voltou suas atenções para a realidade dos produtores de laranja que fornecem sua matéria-prima para o mercado solidário internacional por meio das cooperativas Coopsoli e Cocamar, ambas sediadas em Maringá (PR).
Enquanto a Coopsoli (Cooperativa de Produtores do Mercado Solidário) agrega 36 citricultores do norte e noroeste do estado que atendem às rigorosas exigências daquele mercado, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial responde pela assistência técnica prestada nos pomares e o fornecimento de insumos de produção. Já o suco concentrado e congelado é produzido pela Louis Dreyfus Company Sucos (LDC) na sua indústria de Paranavaí (PR), que exporta para a Europa.
O interesse da LIDL se justifica: no mês passado, o suco produzido com as laranjas desses produtores foi considerado o melhor em um teste de qualidade realizado na Alemanha, que reuniu 19 marcas comercializadas por aquela rede.
Assim, na terça-feira (2/4) uma representante da LIDL, Meike Brodé, veio ao Paraná especialmente para visitar alguns produtores ligados à Coopsoli. Ciceroneado por Silvia Podolan, gerente da cooperativa, ela foi acompanhada pelos técnicos José Carlos dos Reis e Angélica Maria Ramires, ambos da Clac – Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores de Mercado Justo.
No período da manhã, os visitantes assistiram a uma apresentação institucional da Coopsoli e conheceram a indústria de sucos da LDC em Paranavaí. À tarde, foram levados a propriedades dos produtores Cláudia Aparecida Correia e Clóvis Diassi Romagnoli, naquela mesma região.
A representante da LIDL quis saber como aquela companhia poderia apoiá-los em seu trabalho. Para o produtor Clóvis Diassi, as inspeções mensais de pragas e doenças nos pomares teriam mais eficácia se fossem efetuadas por técnicos da cooperativa, o que garantiria uma série de benefícios para a saúde das plantas.
Entre outros itens, os produtores falaram também a respeito de sua rotina nos pomares, que inclui análises periódicas de solo e folhas, para detectar eventuais carências nutricionais nas plantas; a aplicação de calcário para correção do solo; a participação em treinamentos sobre segurança e controle de pragas.
Abordaram, ainda, sobre a implantação de culturas consorciadas com a laranja, caso do mamão, para servirem como uma fonte de renda alternativa; detalharam a respeito do monitoramento do psilídeo – o vetor do greening, a pior doença da cultura, ainda sem tratamento – por meio da instalação e leitura de armadilhas amarelas; e da produção massiva e soltura das tamarixias (vespinhas que são o inimigo natural do psilídeo).
Além de conhecer produtores, Brodé quis saber como os recursos advindos do mercado solidário (Prêmio Fairtrade) são utilizados. Para cada tonelada de suco exportado, 250 dólares retornam para o setor produtivo e para melhorar a vida dos pequenos produtores. Em 2023, a Coopsoli registrou o retorno de R$ 6,6 milhões relativos à exportação de suco para aquele mercado e parte do dinheiro foi destinado aos produtores e outra parte em projetos para beneficiá-los em suas atividades.
Na Europa, o suco é distinguido nas gôndolas por um selo do mercado solidário e o consumidor não se importa em pagar um pouco mais pela bebida, tendo a garantia de que o mesmo não foi produzido com exploração de mão de obra, trabalho infantil e agressão ao meio ambiente.
Durante sua visita, Meike Brodé reafirmou que a LIDL está finalizando detalhes para firmar uma parceria com a Coopsoli para desenvolver o Projeto “WayToGo” (Caminho a seguir), que tem como objetivo trabalhar temas relacionados à sustentabilidade, o apoio a mulheres e crianças, e buscar formas de fomentar a melhoria de produtividade e de renda para os pequenos produtores.