Desde o último mês de maio, maquinários agrícolas como
colheitadeiras, implementos e seus veículos de transporte precisam ser
devidamente lavados antes de adentrarem ao estado do Paraná. Não podem
apresentar, por exemplo, interna ou externamente, resquícios de solo e de
resíduos vegetais. O objetivo, segundo estabelece a Portaria 129/2024 da
Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), é evitar a disseminação de
doenças e plantas daninhas de alto risco sanitário.
Entre as ameaças está a planta daninha Amaranthus palmeri, também conhecida por caruru-palmeri e caruru-gigante, presente no Brasil desde 2015, mas sem ocorrência registrada no Paraná. Relatos indicam que uma única planta pode produzir de 100 mil a 1 milhão de sementes. O controle ineficiente pode até mesmo inviabilizar a colheita, aumentando o uso de herbicidas e os custos de produção, com potencial de causar grandes prejuízos para a agricultura paranaense.
O trânsito de máquinas e implementos agrícolas com solo aderido, ou com presença de restos de vegetais, é uma das principais formas de disseminação de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil. Por isso, entre as hipóteses sobre a introdução da Amaranthus palmeri prevalece a de que os campos foram infestados pelo transporte de sementes em colheitadeiras vindas da Argentina.
Segundo a Adapar, a quantidade de prestadores de serviços de colheita aumentou consideravelmente nos últimos anos, havendo, inclusive, casos de pessoas que venderam propriedades rurais para investir na aquisição de colhedoras mais modernas e eficientes, e se especializaram na prestação de serviços de colheita de grãos.
A diferença nos períodos de colheita entre os diversos estados produtores de grãos do país possibilita que, após terminar a colheita em um estado, o prestador de serviço trabalhe em outros sequencialmente, até que a safra seja finalizada e, então, a máquina retorne ao estado de origem, onde será utilizada novamente, quando a colheita da próxima safra se iniciar.
O mesmo ocorre com produtores que possuem propriedades em diferentes estados e que utilizam as mesmas máquinas para a colheita. Isso contribui diretamente para um aumento substancial no trânsito interestadual de máquinas e implementos agrícolas para o Paraná, ampliando o risco de introdução de pragas.
Para evitar que maquinários, equipamentos e veículos que os transportam, ingressem no Paraná sem que estejam devidamente limpos, inspeções são feitas nos Postos de Fiscalização de Trânsito Agropecuário da Adapar, situados nas divisas do Paraná com outros estados.
Segundo a Adapar, o tema é monitorado pelos fiscais desde 1995, quando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou uma instrução normativa focada no controle da disseminação dos nematóides da soja. Porém, o Paraná não tinha uma norma própria e o problema acabou ganhando relevância com a ameaça de novas pragas, doenças e ervas daninhas.
Outra inovação trazida pela portaria é que as normas direcionam ao transportador a responsabilidade pela remoção, abertura de lonas, coberturas, tampas da máquina ou implemento para que a Adapar possa fazer a inspeção no posto fiscal.
Ainda assim, a recomendação é que os produtores fiquem atentos quanto a esse tema, nunca deixando de verificar, antes do desembarque nas propriedades rurais, se as máquinas provenientes de outros estados atendem a essa portaria.