No limite, safra pode ter redução de produtividade se chuva não voltar logo

13/01/2025

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Na quarta-feira (8/1), o Rally Cocamar de Produtividade passou pelos municípios de Apucarana e Tamarana, na região norte do Paraná, onde o clima seco desde o final de dezembro, e as altas temperaturas, incidem sobre a cultura da soja na fase em que ela mais necessita de umidade: a de enchimento de grãos.

As lavouras apresentavam, até então, um desenvolvimento considerado satisfatório, na avaliação do gerente técnico da cooperativa, engenheiro agrônomo Rafael Furlanetto, que acompanhou o Rally. As boas condições se devem à regularidade climática dos últimos meses e, no caso desses dois municípios, à altitude, o que propicia temperaturas mais amenas à noite.

Redução

No entanto, a preocupação é de uma redução gradativa no potencial, caso demore a ocorrer precipitações mais volumosas.

Em Apucarana, segundo estimativa do engenheiro agrônomo Cristian Vilas Boas, da unidade local da Cocamar, 60% das lavouras se encontram em plena fase de enchimento de grãos, 20% estão mais adiantadas e 20% ainda em início de granação.

Com médias que variam, de um ano para outro, entre 160 e 170 sacas de soja em seus 18 alqueires, o produtor Wellington Niyama disse ter boas expectativas em relação à produtividade deste ano. Mas ele e o seu parente Alexandre Eiji Harada, que possui 12 alqueires, se mostraram preocupados com a estiagem. No ano passado, uma situação climática semelhante derrubou a média de ambos para 150 sacas por alqueire. “Vamos torcer para que volte a chover logo e tenhamos uma colheita cheia”, afirmou Wellington.

Ferrugem

O clima seco em janeiro, no entanto, não impediu o surgimento de focos da ferrugem em alguns pontos no município de Apucarana. A doença fúngica, que em geral se desenvolve quando há muita umidade, foi detectada em uma lavoura de beira de estrada pelos técnicos que acompanharam o Rally. “É ferrugem e essa constatação serve de alerta para os demais produtores, para que examinem suas lavouras e iniciem logo o tratamento”, comentou o engenheiro agrônomo Gustavo Emori, da unidade local da Cocamar.

A situação da soja em Tamarana não difere muito da de Apucarana: o Rally observou um desenvolvimento normal, com boa carga de vagens. Tudo caminha à quase normalidade para o final do ciclo, exceto pelo fato de que, na fase em que se encontram, as lavouras não podem prescindir de água.

Produtores ainda animados

O produtor Renato Vicentin, que toca 80 alqueires em parceria com dois irmãos e um sobrinho, ainda se mostrava bem animado, mesmo com a forte redução verificada no ano passado (ciclo 2023/24), quando a estiagem reduziu para 130 sacas a média geral da propriedade, contra 180 na safra anterior. “Aqui o solo é muito bom e quando o clima ajuda, não tem erro”, disse Renato, que é assistido pelo engenheiro agrônomo Vinícius Polezel Silva, da Cocamar.

Suas boas médias são impulsionadas, em parte, pela umidade que permanece no solo, durante vários dias após uma chuva, devido a intensa palhada de aveia branca, cultivada no inverno em paralelo à cultura do milho.

Enquanto produtores acendem uma vela para São Pedro, rogando para a volta das chuvas, em uma região de Tamarana eles ainda não veem motivos para se preocupar “Por aqui tem chovido bastante”, afirmou Hélio Huda, que cultiva 123 alqueires.

No ano passado, em função da estiagem, sua média foi de 135 sacas de soja por alqueire, bem abaixo em comparação às 165 colhidas na temporada anterior. Hélio explica que do total de suas lavouras, que sempre recebem um bom investimento em adubação, quase a metade é cultivada utilizando variedades precoces e o restante com tardias. Por isso, segundo ele, ainda não é possível prever nada, “vai depender de como o tempo vai se comportar daqui para a frente”.

Ainda em Tamarana, o Rally foi conhecer a lavoura mantida pelo produtor Amarildo Tasca, que possui 5 alqueires, onde, com sua experiência e cuidados, as médias se situam entre 170 e 180 sacas. “Estamos na confiança de uma boa safra mais uma vez”, declarou.

Em resumo, de acordo com o gerente técnico Rafael Furlanetto, uma chuva mais intensa neste momento, além de ajudar as lavouras em sua fase decisiva, serviria de alívio para os produtores, cada vez mais apreensivos. E compara: “Se no latossolo do norte do Paraná, dependendo das condições de cada propriedade, a soja aguenta esperar umas duas semanas pela volta das chuvas, no arenito do noroeste, até em função do calor intenso que vem fazendo, esse período é mais reduzido”.

“De qualquer forma, o indicativo até o momento é que teremos uma boa safra” – cita – mas adverte que, na atual fase, cada dia sem chuva pode representar uma redução no potencial produtivo.

Em sua 10ª edição consecutiva, o Rally Cocamar de Produtividade conta com o patrocínio Ourofino Agrociências, Sicredi Dexis, Seguradora Sombrero, Fertilizantes Viridian, Nissan Bonsai Motors e Texaco, com o apoio da cooperativa de profissionais de agronomia Unicampo, Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) e Aprosoja-PR.