Quem pensa que o sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) seria mais indicado para regiões de solos arenosos, precisa ver o que está acontecendo em Londrina, na terra roxa do norte do Paraná.
Desde 2019 a Agropecuária San Luca vem implementando com sucesso esse modelo produtivo, em que soja, milho, pastagens e outras culturas, como aveia no inverno, são cultivados em rotação. O Rally Cocamar de Produtividade esteve lá no dia 11 de fevereiro.
Somando duas propriedades próximas, de um total de 226 alqueires da Agropecuária, 105 são mantidos atualmente com soja, 30 com milho verão e 27 com pastos, setor em que o rebanho de animais nelore destinado a recria e engorda, varia entre 400 a 450 cabeças. Os lotes entram com oito meses, ocupam piquetes manejáveis de 60 mil metros quadrados cada e saem aos dezoito meses pesando 13 arrobas em média.
O médico-veterinário Ricardo Luca, de 42 anos, está à frente dos negócios, com a participação da irmã Raquel e da cunhada Cláudia, que se dedicam principalmente à parte burocrática. O casal José Antônio Luca e Dolores, pais de Ricardo e Raquel, fazem a supervisão. Um outro filho, Rafael, trabalha ao lado do pai na empresa da família, na cidade, especializada em tornearia mecânica.
Incentivo
Ricardo conta que antes de implantar a ILP, foi consultar especialistas da Embrapa Soja, que o incentivaram a adotar o modelo, e se sentiu mais seguro ao saber que a Cocamar é a cooperativa mais bem estruturada do país para atender produtores interessados em investir na integração.
Assim, ele passou a ter o suporte logístico, comercial e a assistência técnica da Cocamar, onde entrega a produção na cooperativa, adquire os insumos agrícolas e pecuários, e recebe orientação técnica especializada de três profissionais: o médico-veterinário Rodrigo Pelisson e os engenheiros agrônomos Thiago Fontes e Osmar Burato, este último do Grupo Mais de Consultoria Personalizada, que há pouco mais de seis meses começou a prestar atendimento. Agora, para experimentar, Ricardo começa a enviar os primeiros lotes de animais para o programa de carne precoce da Cocamar.
“Queremos aprimorar o sistema de integração e, por isso, contratamos o Grupo Mais”, salienta o produtor, ao explicar que estão em pauta melhorar o perfil de solo e tornar a propriedade mais resiliente aos problemas climáticos.
Números
O milho e a pecuária geralmente ocupam, cada qual, cerca de 15% da área da soja. acrescenta Ricardo, que estima uma produtividade média de, pelo menos, 150 sacas de soja e de 400 sacas de milho por alqueire, nesta safra.
No último ano, devido à estiagem, a média da soja caiu para 111 sacas, mas no ciclo anterior, com o tempo mais favorável, chegou a 171 sacas de média, o que revela o seu alto potencial produtivo.
Já a pecuária apresenta uma rentabilidade líquida equivalente a 85 sacas de soja por alqueire no verão, número que sobe durante os meses de inverno por causa do reforço das pastagens com aveia, de acordo com cálculos de Ricardo.
O produtor cita que além de diversificar as atividades, a integração é um bom negócio também porque a pecuária conta com crédito rural a taxas atraentes, de 8% ao ano, oferecido por meio do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural). A família é associada da cooperativa de crédito Sicredi Dexis, na sua agência Santos Dumont, em Londrina.
No ano passado, inclusive, os Luca investiram na aquisição de maquinários agrícolas John Deere, fornecidos pela Cocamar Máquinas, parte dos quais com financiamento da Sicredi Dexis.
Solo e rotação
O agrônomo Osmar Buratto destaca que o produtor efetua a correção regular dos solos com calcário e gesso utilizando um distribuidor de taxa variável para otimizar a aplicação desses insumos. “A reposição de nutrientes é feita com base em análises de solo e na taxa de exportação das culturas. Além disso, o produtor adota um sistema de rotação de culturas, alternando espécies de interesse comercial com plantas de cobertura, combinando leguminosas e gramíneas para melhorar a saúde do solo e promover a sustentabilidade da produção”. Agora, será feita uma análise detalhada por talhão, para promover um ajuste fino.
Por sua vez, a rotação é constante, nunca repetindo a mesma cultura no mesmo lugar. O programa prevê, em uma das áreas, o cultivo de um mix de plantas e forrageiras, seguido de milho verão, cultura a ser sucedida por braquiária e, logo em seguida, por plantio de feijão, cobertura com nabo e, por fim, soja.
Em outra área, depois de a soja colhida, foi feito o plantio de capim piatã (uma espécie de braquiária), a qual permaneceu por dois verões. Além de fornecer alimentação de qualidade e em quantidade, o piatã, segundo Ricardo, aguenta mais o pisoteio.
Não há muitos produtores fazendo integração no norte do Paraná, mas a experiência da família Luca demonstra que vale a pena, conforme cita o gerente da unidade da Cocamar em Londrina, Ricardo Mendes. “A família Luca é exemplo de gestão e segue um modelo de rotação de culturas que traz sustentabilidade financeira e ambiental para a propriedade”, pontua.
O gerente Ricardo Mendes e os engenheiros agrônomos Osmar Buratto e Thiago Fontes acompanharam o Rally na visita à propriedade, que contou com a presença, também, de dois representantes da Sicredi Dexis: a gerente de negócios agro, Alessandra Fares, e o engenheiro agrônomo João Mafra.
Sobre o Rally
O Rally Cocamar de Produtividade, em sua 10ª edição, conta com o patrocínio da Ourofino Agrociências, Sicredi Dexis, Seguradora Sombrero, Fertilizantes Viridian, Nissan Bonsai Motors e Texaco, com o apoio da cooperativa de profissionais de agronomia Unicampo, Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) e Aprosoja-PR.
Autor: Imprensa Cocamar