Durante quatro sábados no mês de agosto, como parte das atividades referentes ao Dia de Cooperar, colaboradores de várias cooperativas sediadas em Maringá se engajaram em um mutirão para realizar trabalhos visando a apoiar o Sopão da Jô, importante projeto social que atende centenas de pessoas na vizinha Sarandi. No último sábado (30/8), que coincidiu com o Dia do Voluntariado, foi formalizada a entrega oficial da revitalização.
Foram 170 voluntários no total, divididos em turmas, que representaram as cooperativas Cocamar, Unicampo, Sicredi Dexis, Sicoob, Unicred, Uniodonto, Sisprime, Sinergi, Cresol e Cooperacom.
Entre os serviços, além de uma limpeza geral e pintura nas instalações, a ação compreendeu consertos gerais, colocação de torneiras, encanamentos, tomadas e troca de lâmpadas, incluindo a doação de equipamentos como geladeira, freezer, fogões de 4 e 6 bocas, tanque, pias de inox, prateleiras, caixas para o acondicionamento de mercadorias, bancos, utensílios e a forração do pátio com pedriscos.
Os participantes ajudaram também a organizar as mercadorias, de acordo com o prazo de vencimento, bem como uma pequena biblioteca.
“Ficou tudo novo, prático e muito bonito”, comemora a fundadora da entidade e responsável pelo seu funcionamento, Julieta da Silva Cruz, a Jô. Ela está à frente de uma equipe de 8 voluntários que se reúnem todas as quintas-feiras para preparar e distribuir refeições para 230 pessoas, em média. Aos sábados, com o apoio de professores e alunos da Universidade Estadual de Maringá, entre outras instituições, o local acolhe crianças de famílias de baixa renda para recreação, aulas de música e reforço escolar.
Sua história sempre foi de superação. Ainda jovem, ao ficar desempregada em Paiçandu, ela recorria às sobras de verduras no Ceasa para alimentar a família e percebeu que havia muitas outras pessoas na mesma situação. Isto a despertou para o serviço social.
Hoje, aos 58 anos, dos quais os últimos 24 dedicados a ajudar o próximo, Jô, que tem três filhos casados, já foi cortadora de cana e catadora de recicláveis nas ruas. Ela lembra que, mesmo sem recurso nenhum, fundou o Sopão há 18 anos em Sarandi - cidade para onde se mudou -, 11 dos quais na atual localização, no Bairro José Richa, a um custo de R$ 2 mil mensais de aluguel.
“A gente enfrenta muitas dificuldades, até já pensou em desistir, mas Deus sempre manda os seus anjos para nos ajudar”, comenta. E cita episódios marcantes quando, certa vez, foi servido o sopão a um menino que, ao degustar fígado de frango, uma das poucas misturas no prato, saiu gritando para a mãe, feliz da vida, que estava realizando o desejo de comer carne.
Além de servir refeições aos mais carentes, o Sopão da Jô faz a distribuição de cestas básicas e, em parceria com uma incubadora da UEM, possui máquina de costura para ensinar as mulheres do bairro a ter uma profissão.