Localizada no município de Nova Esperança, a Fazenda Santa Amélia, pertencente ao médico aposentado Walter Luiz Ferreira, de Maringá, está entre as dez propriedades que fazem parte de um projeto piloto de biotecnologia de reprodução de bovinos, cuja proposta é apresentar os benefícios da IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) como estratégia para o aprimoramento da qualidade dos bezerros e da carne.
Lançado em maio durante a Expoingá, o projeto é uma iniciativa da Universidade Estadual de Maringá (UEM) em parceria com a Cocamar e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do Estado.
Conforme explica o zootecnista Luis Henrique Pangoni, da Cocamar, o projeto é dirigido a propriedades que trabalham em sistema de cria e ainda não utilizam a inseminação artificial e, sim, o método convencional, com vacas e o touro reprodutor. Para isso, os pecuaristas envolvidos estão recebendo gratuitamente o sêmen e a mão de obra, cabendo a eles adquirirem apenas o protocolo hormonal.
“O objetivo é fornecer bezerros para o Programa de Produção de Carne Precoce da Cocamar e, para isso, vamos orientar a fazer uma estação de monta bem-feita, de maneira a produzir bezerros de melhor qualidade”, observa Pangoni. Ainda segundo ele, em grande maioria, esses animais podem ser classificados atualmente de qualidade mediana a inferior.
Luis destaca também que a parceria com o Departamento de Zootecnia da UEM possibilita que os alunos vivenciem na prática essa atividade nas fazendas.
Na manhã do dia 9 de setembro, o Rally Cocamar de Produtividade acompanhou a etapa em que foi realizada uma ultrassonografia nas fêmeas prenhes. No local, além do produtor Walter Ferreira e do zootecnista Luis Pangoni, da Cocamar, estavam o médico-veterinário Luiz Paulo Rigolon e a zootecnista Eliane Gasparino, ambos professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Especializada na produção de nelore mocho, a Fazenda Santa Amélia começou a fazer a IATF para incluir, também, o cruzamento industrial dessa raça zebuína com angus. “Vamos diminuir a compra de touros e colocar mais genética no rebanho”, comenta o proprietário, que visa, ainda, elevar a produtividade e conceber animais mais precoces. Seu plantel é formado atualmente por cerca de 400 fêmeas, todas nascidas na Fazenda, enquanto os machos são comercializados. Pelo menos 150 delas estão sendo submetidas a IATF. Assim, ao concentrar a estação de monta, a expectativa é que entre 90 a 92% das vacas fiquem prenhes, índice que no sistema de monta natural, desde que com bom manejo, chega a 80%.
Benefícios
A IATF melhora o nível organizacional de nascimentos, lembrando ainda que um animal cruzado fica pronto seis meses antes que o nelore, podendo ser desmamado aos oito meses e pesando ao redor de 240 quilos, enquanto aquele estará com 200 quilos em média.
Além disso, possibilita melhor controle zootécnico, permite realizar diferentes cruzamentos, favorece a seleção e o melhoramento genético, bem como a escolha da data do parto, facilita a organização dos manejos e garante melhor retorno financeiro. Outra vantagem é que o uso da IATF permite, ainda, eliminar a observação de cio, diminuindo riscos com falhas de observação, além de concentrar ainda mais as concepções.
Uma empresa
“Houve uma mudança muito grande na pecuária e não podemos mais considerar alguns métodos tradicionais, é preciso olhar a fazenda como uma empresa”, diz o proprietário Walter Ferreira, ao salientar a facilidade proporcionada pelo projeto piloto para que se tenha acesso a avanços como a IATF.
Segundo informa o médico-veterinário Luiz Rigolon, atualmente apenas 1% das fêmeas, considerando a realidade do rebanho bovino nacional, são submetidas a IATF e 20% à inseminação artificial sem tempo fixo, o que de qualquer forma, representa um ganho quando comparada à situação que se observava há algumas décadas, em que se utilizava exclusivamente a monta natural.
O programa
O programa surgiu por iniciativa do governo do estado em parceria com os núcleos de ciência e tecnologias das universidades, procurando aliar a demanda da sociedade aos conhecimentos gerados por essas instituições, visando o desenvolvimento sustentável do Paraná, conforme explica a professora Eliane Gasparino, da UEM.
Bonificação
“Produtores que entregarem para a Cocamar animais bem-acabados, com fêmeas acima de 14 arrobas e machos entre 17 e 24 arrobas, e que sejam precoces, ou seja, até 24 meses, recebem uma bonificação por isso”, completa Luiz Pangoni, da Cocamar.
Sobre o Rally
Em sua 11ª edição, o Rally Cocamar tem a finalidade de conhecer e valorizar as boas práticas agropecuárias entre os produtores cooperados. Patrocinam a realização: Corteva, Sicredi Dexis, Nissan Bonsai Motors e Fertilizantes Viridian.