O engenheiro agrônomo Renato Watanabe, gerente executivo técnico da Cocamar e presidente do conselho gestor da Rede ILPF, foi um dos participantes do Rio+Agro, evento realizado de 1 a 3/10 no Rio de Janeiro, oportunidade em que foram abordados os resultados socioeconômicos e ambientais que o Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) vem proporcionando ao agro brasileiro.
Watanabe fez parte no final da manhã de sexta-feira do painel
Commodities agrícolas e cooperativismo. Ele falou sobre como manter a competitividade de pequenos produtores em um negócio de escala, fazendo um comparativo entre a realidade dos grandes e médios agropecuaristas do Mato Grosso e os cooperados da região da Cocamar, no Paraná, predominantemente de pequeno porte.
“Jogam o mesmo jogo”
“Tanto no Sul quanto no Centro-Oeste, os produtores, sejam eles pequenos ou grandes, jogam o mesmo jogo, em que não é possível controlar o preço da commodity. No Mato Grosso, as propriedades médias e grandes têm capacidade de fazerem investimento em uma logística própria e grandes grupos compram insumos diretamente do fabricante e fabricam os próprios bioinsumos. Mas, no Sul, tomando como exemplo a região da Cocamar, e graças ao cooperativismo, os pequenos conseguem competir com seus colegas do Centro-Oeste”, assinalou Watanabe.
Ele citou como referência um produtor de 100 hectares do extremo noroeste do estado que conta com assistência técnica prestada pela Cocamar, cooperativa que o convenceu, há 20 anos, a investir no sistema de integração lavoura-pecuária, o que assegurou muitos benefícios, pois passou também a produzir grãos com médias acima do padrão regional.
As colheitas são entregues na unidade da cooperativa, no mesmo município, que, além da assistência técnica especializada, oferece a ele serviços como a aplicação de calcário com taxa variável. O produtor, ainda, consegue agregar valor à sua safra com a industrialização realizada pela Cocamar, que mantém também um programa de produção de carnes nobres. “Em resumo, por meio da participação na cooperativa, o pequeno tem produtividade, custo baixo e compete com aquele que apresenta alta escala”, acrescentou.
Emancipação
“A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta significa a emancipação do produtor, porque tem uma renda de curto prazo, que são as lavouras de grãos e cereais. Tem o gado no médio prazo e o componente florestal no longo prazo”, destacou o presidente-executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, que também participou do Rio+Agro, no painel "Inovação circular: conectando pesquisa, indústria e sociedade".
A ILPF é uma estratégia de produção que combina diferentes sistemas produtivos: agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, seja em consórcio, sucessão ou em rotação de culturas, gerando benefícios para todas as atividades. A prática intensifica de modo sustentável o uso da terra, protege e fertiliza o solo, promove a economia de insumos e consequente redução de custos, e simultaneamente eleva a produtividade em uma mesma área, diversificando produção e fontes de receita.
Ao mesmo tempo, o Sistema é ambientalmente correto, com baixa emissão de gases de efeito estufa e permite o sequestro de carbono, tornando a atividade mais resiliente às mudanças climáticas. Culturas agrícolas como grãos [soja e milho] e produção de fibras [algodão] podem ser utilizadas na ILPF.
A modalidade pecuária contempla, sobretudo a bovinocultura de corte ou leite e a parte florestal envolve a silvicultura, com destaque, por exemplo, para o plantio de eucaliptos. Diferentemente do senso comum, a ILPF pode ser adaptada para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros.
Números
O Brasil tem 159 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos em áreas de ILPF, ampliando ainda mais a área de produção agropecuária no País, sem qualquer necessidade de novas aberturas. Atualmente, a ILPF chega nacionalmente a cerca de 17,4 milhões de hectares, conforme indicam números da Rede.
A Rede ILPF
Além de Renato Watanabe e Francisco Maturro, a Rede ILPF foi representada no evento pelo diretor-executivo Willian Marchió, que abordou Pecuária sustentável, caminhos para produção de baixo carbono e bem-estar animal.
A Associação Rede ILPF promove a expansão do Sistema ILPF. Parceria público-privada formada pela Embrapa, Cocamar e as empresas Bradesco, John Deere, Soesp, Suzano, Syngenta e Timac Agro, tem como objetivo intensificar a sustentabilidade da agropecuária brasileira, por meio da adoção das tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).