Programa de Capacitação em Sistemas de ILPF é lançado

03/04/2023

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O Paraná tem potencial para aumentar significativamente a produção de grãos e madeira e contribuir para a sustentabilidade da agropecuária, tudo isso sem aumentar a área. A chave para que isso ocorra é o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), estratégia de manejo que integra diferentes sistemas produtivos em uma mesma área. Os benefícios ambientais, econômicos e sociais desta prática motivaram a Cocamar e o Sistema Faep/Senar a desenvolverem o Programa de Capacitação em Sistemas de ILPF.


A proposta tem o objetivo de preparar profissionais para prestar assistência técnica aos produtores rurais do Paraná. Isso ficou evidente durante o lançamento do programa, na quinta-feira (dia 30/3), em Maringá. O evento contou com a participação de lideranças, técnicos e produtores rurais. A solenidade também reuniu representantes dos apoiadores da proposta, a Associação Rede ILPF, a Embrapa e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).


Intensificar a produção


"Vamos criar conhecimento na área, para diversificar a propriedade, intensificar a produção na mesma área e aumentar a produção de grãos e carne onde há baixa produtividade. Para isso, é preciso um bom trabalho técnico de apoio ao produtor", ressalta Luiz Lourenço, presidente do Conselho de Administração da Cocamar, que fomenta o sistema desde 1996. Lourenço é também presidente da Rede ILPF.


"Nos últimos anos, a área de implantação de ILPF cresceu no Brasil e o Paraná precisa acompanhar essa evolução. Nós sabemos do compromisso dos nossos produtores com o desenvolvimento sustentável do campo. Para garantir que as melhores tecnologias sejam utilizadas, precisamos investir na capacitação dos profissionais de assistência técnica", afirma Ágide Meneguette, presidente do Sistema Faep/Senar.



Maior demanda por alimentos


A aula magna do curso ficou por conta do consultor Paulo Renato Herrmann, ex-presidente da John Deere Brasil e um dos mais conhecidos defensores de sistemas integrados no país. Ele destacou as projeções de crescimento da população global e o consequente aumento da demanda por alimentos. Para isso, a sustentabilidade deve ser o ponto-chave.


"Até 2050, 60% da população vão estar concentradas na Ásia e nós vamos ter que alimentar essas pessoas. Esse é o novo mundo para o qual vamos ter que produzir alimentos. O Brasil vai ter que produzir 50% a mais do que hoje e as circunstâncias sob as quais isso vai ter que acontecer é pela intensificação sustentável", afirmou.


Herrmann frisou a importância da capacitação, principalmente dos jovens, para conduzir esses sistemas e trazer inovação para a agropecuária brasileira. Neste processo, destacou o compromisso das entidades do setor para conciliar a produção de alimentos com a questão ambiental, aproveitando a aptidão agrícola que o país possui.


"Nós precisamos de gente com capacidade para manejar essa tecnologia de maneira eficiente. Todos nós precisamos nos engajar nesse processo, ajudando a difundir conhecimento, dando suporte para que as pesquisas não parem e construindo narrativas para que a futura geração de brasileiros esteja conectada com o agro", disse.


Como vai ser o curso


"Com o programa de capacitação, a expectativa é identificar produtores com potencial para difusão da tecnologia no estado, ampliando a adoção desse sistema no setor produtivo. A iniciativa será conduzida ao longo de 13 meses, estendendo-se até abril e 2024" o que corresponde a 139 horas de formação. Serão 16 encontros, com dias de campo, visitas técnicas e consultorias para o treinamento de 30 profissionais, entre técnicos da Cocamar e do IDR-Paraná, além de instrutores do Senar/PR.


Os técnicos envolvidos (engenheiros agrônomos e médicos-veterinários) vão atuar em duplas, acompanhando 22 produtores rurais cooperados da Cocamar que disponibilizarão suas propriedades para que a equipe técnica coloque seu conhecimento em prática. "O produtor tem o papel de colaborar e de realizar as atividades propostas pelo técnicos, além de ser uma pessoa fomentadora dessa técnica de manejo", explica Emerson Nunes, gerente técnico de ILPf na Cocamar. "As práticas são adaptáveis para diferentes realidades e tamanhos de produção", complementa.


Arenito caiuá


O foco do programa é o arenito caiuá, região com mais de 3 milhões de hectares conhecida por ter solo arenoso, baixa umidade e temperaturas elevadas. No local, as atividades desenvolvidas em sistemas de ILPF desempenham papel importante para promover a recuperação de áreas de pastagens degradadas e aumentar a rentabilidade das propriedades rurais com o cultivo de soja.


Benefícios da ILPF


A integração otimiza o uso da terra, aumentando a produtividade, diversificando as atividades econômicas na propriedade e agregando valor aos produtos. Com isso, há redução dos riscos de redução de renda por eventos climáticos ou por condições de mercado, além da diminuição dos custos com insumos e dos custos fixos para produção animal.


Com a maior eficiência de utilização de recursos naturais, há redução do uso de agroquímicos, da abertura de novas áreas para fins agropecuários sem promover desmatamento, e de passivos ambientais. Promove, ao mesmo tempo, manutenção da biodiversidade, ciclagem de nutrientes, mitigação de gases de efeito estufa, bem-estar animal e controle dos processos erosivos com a manutenção da cobertura do solo.


As vantagens ainda podem ser sentidas no âmbito social, como com a redução da sazonalidade do uso de mão de obra, geração de empregos diretos e indiretos e incentivo à qualificação profissional e ao estudo.


(Com assessoria de imprensa do Sistema Faep/Senar-PR)